As condições e comunicações da obra de arte na era digital
Está se abrindo uma época realmente
importante na qual se materializa o “museu sem muros”. Rompe-se com as
contenções tradicionais da cultura da memória através da cultura digital.
A arte digital é, por sua própria
definição, efêmera. Também está em permanente mudança, pois é, ao mesmo tempo,
tecnologia e arte. E é uma arte global, no sentido de que já não existe uma
arte localizada, que responda a uma cultura específica, e sim uma arte que se
oferece pela internet a todo o mundo, e que, portanto, se insere em uma cultura
globalizadora. Ela também questiona as próprias bases da cultura contemporânea,
o sistema estabelecido e as grandes instituições que criam programas de
informática.
A arte digital se baseia na
tecnologia, mas também na vida ao seu redor, integrando pintura, escultura,
cinema, teatro, texto e imagem. É
necessário incluir a arte digital no âmbito da cultura pós-moderna. Do ponto de vista cultural, isso significa que
vivemos em uma sociedade na qual a linguagem das vanguardas foi completamente
afetada pela sociedade que se dedica fundamentalmente a viver o presente, e encara
com receio os grandes projetos de mudança. Dentro dessa perspectiva, nos
dedicamos a viver o presente e a consumir o passado. Estamos presenciando uma recuperação dos
espaços históricos, do patrimônio cultural, e a cultura digital pode colaborar
muito para facilitar o acesso universal aos bens culturais.
Há uma preocupação desde tempos muito
antigos em criar imagens cada vez reais . A revolução do Renascimento, por
exemplo, com a invenção da perspectiva matemática, foi a criação de um espaço
tridimensional em uma superfície plana. A imagem virtual vem coroar esses
processos históricos. Se o Renascimento criou a imagem em 3D, ou seja, a
perspectiva matemática, o Barroco criou a perspectiva aérea. O Impressionismo
pode ser visto como um impacto da fotografia no campo da arte e o Cubismo é uma
incorporação do campo da cinematografia. A imagem digital, por intermédio da
virtualidade, vem culminar esse processo de entrar na imagem e interagir com
ela. O museu deva apostar na visita virtual, pela recriação multidimensional,
pelo convite à navegação interativa como forma de exploração da linguagem
hipermídia. Ele deve se aprofundar na
utilização da cultura digital em seu próprio discurso expositivo.
Fonte: Arturo Colorado Castellary
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