As Aventuras da Princesinha da Torre
Avistaram uma caverna. Não via a
hora de matar um dragão.
_ Veja, João. _ Disse a
Princesinha apontando para a caverna.
_ O quê?
_ É uma caverna, não é?
_ Sim, é uma caverna.
_ Isso não te diz alguma coisa?
_ O quê?
_ Uma caverna, João. Certamente
tem um dragão aí dentro. Pegue sua espada.
_ Mas por que temos que matar um
dragão? _ Ele perguntou.
_ Príncipes matam dragões para
salvarem princesas.
_ Mas eu não sou um príncipe e
você me parece a salvo.
_ Não é você quem irá matar o
dragão. Sou eu! Você será apenas meu escudeiro.
_ Está certo. Tome a espada,
então. _ Ele lhe estendeu a espada e ela quase deixou cair. Era muito pesada.
_ Por que não trouxe uma espada
mais leve?
_ As espadas em geral são bem
pesadas. Tem certeza que sabe usar uma
espada?
_ Claro que sim. Sempre vencia
você nas lutas de espadachim, não se lembra?
_ Claro que me lembro! Você e Ítalo
sempre me venciam. Mas se bem me lembro, usávamos espadas de madeira.
_ Que diferença faz?
_ Não pode comparar espadas de
brinquedo com espadas de verdade.
_ É tudo a mesma coisa. Me ajude
logo a descer desse cavalo e vamos matar este dragão.
_ Está certo.
João desceu do cavalo e ajudou a
Princesinha a descer do seu.
_ Vá na frente, João. _ Disse a
Princesinha, já sem muita coragem. _
Afinal de contas, você é o meu escudeiro.
_ Está bem. _ Disse João tomando
a sua frente. _ Neste caso, não é melhor que eu segure a espada?
_ Está certo. _ Disse a
Princesinha entregado a espada para João.
_ Como sabe que tem um dragão
aqui dentro?
_ Por que os dragões costumam se
esconder em cavernas.
_ Espero que não seja um dos
grandes. Eu nunca matei um dragão.
_ Muito menos eu. _ Disse a
Princesinha, já um tanto amedrontada.
_ E por que tem que matar um?
_ Não sei. Faz parte das
aventuras.
_ Mas por que temos que matá-lo?
_ Para salvar uma princesa,
talvez.
_ Mas você já está a salvo. Saiu
sozinha da torre.
_ Não sou a única princesa que
existe.
A medida que iam entrando na
caverna, ficava mais escuro.
_ Não seria melhor acendermos uma
tocha? Quase não enxergo nada. _ Disse a Princesinha.
Já começava a ficar apavorada. E
se o dragão fosse um dos grandes?
_ Melhor não. _ Disse João. _ Ele
facilmente nos avistaria. Vamos contar com o elemento surpresa. Tem certeza de
que existe um dragão aqui dentro?
_ Como vou saber? É a primeira
caverna em que entramos. Não está com medo, está?
_ Claro que estou. Na verdade
estou apavorado. Tem filhos para criar.
_ Não vai acontecer nada! Deixe
de bobagens. Deixe que vou na frente. _ Disse a Princesinha antecedendo João.
_ Nesse caso é melhor que você
segure a espada.
_ Não. Fique com ela. É muito
pesada.
_ E se o dragão atacar?
_ Começo a me arrepender de ter
deixado você vir no lugar de André. _ Disse a Princesinha já impacientando-se.
_ Aposto que ele estaria com mais coragem que você.
_ Ah! Com certeza. _ Disse João.
_ Ele tem muito mais coragem e juízo de menos também. Não tem esposa e filhos.
É apenas um menino.
_ Pare de ficar falando o tempo
todo em esposa e filhos, foi você quem se ofereceu para vir. Eu não te chamei.
_ Mas chamou meu filho. O que
queria que eu fizesse?
_ Já que veio, comporte-se como um verdadeiro
escudeiro.
_ Mas não sou um escudeiro. Sou
um simples jardineiro. Não mato dragões. Planto rosas.
_ Pare de reclamar ou vai acordar
o dragão. _ Disse a Princesinha num sussurro.
_ Avistou o dragão? _ Sussurrou
João também.
_ Claro que não! O que posso ver
nesta escuridão? Você e esse tal de elemento surpresa. Daqui a pouco nós é que
seremos surpreendidos.
_ Não diz o ditado: “Quem faz
surpresa acaba surpreendido”?
_ Deixe esses ditados populares
pra lá. Quer saber de uma coisa? Cansei-me desta história de matar dragões. Não
quero salvar nenhuma princesa mesmo. Vamos embora desse lugar escuro e abafado.
Como está quente aqui!
_ É melhor irmos embora mesmo._
Concordou João.
Deram meia volta e saíram da caverna. Começaram a
cavalgar. O dia estava lindo! As árvores eram belas. Quantas flores pelo
caminho. Era bem melhor que procurar dragões em cavernas escuras. Ainda teriam outras aventuras menos perigosas.
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