Desculpe a
inconveniência.
O sol
estava escaldante. Estava terminando de digitar um trabalho infindável. Que
calor. Não via a hora de terminar para tomar um banho.
De repente
o telefone toca.
_ Alô.
_ Alô. É da
casa do seu Antunes?
_ Não. É da
casa da cunhada dele.
_ A senhora
é a mãe da....
_ Não. _
Respondera rápido. Ainda não era mãe de ninguém. Casara-se há pouco e não fazia
idéia de que seu telefone fora parar na caderneta de alguém. Mas não custava
tentar. Talvez o rapaz tivesse algum recado para Marina ou até mesmo Cida._ De
onde você fala?
_ Eu
trabalho na padaria, o seu Antunes me conhece. É que hoje encontrei com o
cunhado dele, um baixinho. Estávamos querendo comprar um aparelho de som. Ele
não é marido da Miss Andaraí?
Miss
Andaraí? Teve vontade de rir. Sua irmã fora miss quando jovem. Já casara e
descasara-se e o rapaz da padaria ainda a tratava como a Miss Andaraí.
Estava
vendo que aquela situação estava com cara de que ia enrolar-se.
_ É que nós
estávamos procurando um aparelho de som e não achamos. Ele não tem um carro
vermelho, o esposo da Miss Andaraí?
_ Quem tem
um carro vermelho é a Miss Andaraí, mas eles já estão divorciados. Ele já até
casou de novo.
_ Tudo bem.
Que mico! Desculpe a inconveniência! É que nós estávamos procurando um aparelho
de som e eu achei uma loja que tem.
_ Posso
procurar o telefone da mãe dele, mas eu não tenho. Tenho que ligar pra minha
irmã. Quer deixar o seu telefone?
_ Não! Pode
deixar. _ Ele estava visivelmente, quer dizer, audivelmente desconcertado. _
Desculpe o inconveniente.
_ Posso
procurar o telefone. Não tem problema.
Provavelmente
o ex-cunhado estava procurando um som pra nova casa. Que tinha? Tempos
modernos. Não custava ajudar.
Mas o rapaz
não quis deixar o telefone, se desculpando mais uma vez pela inconveniência.
Não se importava de dar o recado. Que tinha? E o ex-cunhado ia ficar sem o
aparelho de som por causa de uma tal de conveniência.
FIM
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