Eu e elas
As
primeiras chegaram e eu vi com maus olhos. Bichos penosos, fedidos. Arg! E
depois chegaram mais. E começaram a carimbar o quintal. Que nojo!
Ou elas ou
eu! Tive vontade de decretar. Mas se elas vencessem? Como eu ficaria?
A primeira
morte foi um assassinato. Bem no tempo que só eram duas. Bicho come bicho. É a lei da natureza!
Mas a gente sempre acaba torcendo para mais fraco.
Cercas e
mais cercas foram erguidas, até que já podíamos ter um convívio mais do que
satisfatório. Ainda cheiram mal, mas tudo bem. Elas lá e eu cá. Que mal havia?
O primeiro
nascimento foi encantador. Filhote é sempre filhote. Tem coisinha mais rica? E
depois vieram outros e mais outros. Logo, o quintal do lado de lá (delas)
estava cheio de novas criaturas, penosas e cacarejantes. Amigas? Não! Jamais!
Elas cá e eu lá! Não dão carinho, mas também não pedem. Então tudo bem.
O lado de
lá foi ficando impraticável. Assoreado. Esquisito! Estava na hora de dar um fim
nelas. Come-las? Jamais! O meu prato preferido se tornou intragável. Impossível
de ser deglutido.
Num dia de
chuva veio a solução. Quase todas elas iriam embora. Só deixariam duas! Logo as
mais antipáticas.
Se por um
lado estava livre, por outro estava pesado! Chegou a hora do adeus!
Minutos
mais tarde meu sobrinho chega com o nariz vermelho e os olhos molhados.
_ O que
foi, meu filho? _ Perguntei assustada, enquanto o pegava no colo.
_ Eu gostava das galinhas. _ Ele
respondeu.
_ Não fique
assim. _ Eu o consolei. _ Eu também gostava delas.
Fim
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